sábado, 28 de março de 2015

BRUNÃO: "EXISTEM POUCOS ATLETAS QUE VIVEM DE RUGBY NO BRASIL"

(Foto: Divulgação São José)
Bruno Rossi, conhecido como Brunão é atleta de Rugby do São José. No site oficial do clube, o mesmo tem destaque com a frase: "Jogo representando o amor pelo clube e pelos amigos". Não é por menos. O nosso convidado durante toda nossa conversa deixou claro que os representantes até tentam elevar o nível - até conseguiram, se pensar de forma menos pessimista - porém ainda falta muito pro Esporte ter mais visibilidade. 

"De quando eu comecei para hoje o salto é gigantesco, antes pagávamos para jogar e hoje temos quase tudo pago por patrocinadores, nossos jogos passam ao vivo na TV a cabo e isso é fantástico. Acredito que uma política que envolva o Rugby nas escolas públicas e particulares ajudaria. Investir na base é a palavra para massificar o esporte. " Esclareceu Brunão





Apito amigo: Bruno, em primeiro lugar gostaria de agradecer a oportunidade e seu tempo cedido para nossa entrevista. Antes de tudo, conte pra gente a sua trajetória até chegar ao São José, sua passagem pela Seleção brasileiro e quanto decidiu ser jogador de Rugby? 
     R: Comecei em 1995, tinham um amigo de colégio, o Lucão (Lucas Cunha) que jogava e me convidou para ir em um treino no São José Rugby Clube, que ainda treinava na praça Cruzeiro do Sul. Fui uma vez e não parei mais. Entre 99 e 2001 fiquei afastado com vestibular e início de faculdade, mas em 2002 retornei a treinar e estou até hoje. Em 2003 fiz os primeiros treinos na seleção brasileiro, mas só fui chamado para o time em 2004, quando o John Lowe e o Keith assumiram, participei de todos as seleções até 2011, mesmo não tendo ido em alguns sul-americanos, mas sempre treinando no grupo e agora em 2014 fui convocado novamente e estou no grupo disputando vaga para o próximo sul americano.


Apito amigo: Quando você decidiu ser atleta de Rugby causou algum estranhamento por parte de sua família e amigos?
     R: Sempre pratiquei esportes e por isso não tive resistência por parte da família, devido a um grande número de lesões que vieram com a idade, a família começou a pedir para eu já pensar em uma aposentadoria, mesmo completando 33 anos no último dia 11 de março.. (risos)
Bruno (O segundo da esquerda pra direita) em ação pelo São José (Foto: Divulgação: Atleta)

Apito amigo:Você acredita que a solução para o desenvolvimento do Rugby é o intercâmbio em outras ligas como na Europa e Nova Zelândia?
     R: Pode ajudar a curto prazo, recentemente tivemos treinadores da nova Zelândia na seleção principal do XV, porém não provou grandes avanços, hoje temos uma argentino no comando da seleção e ele já implantou novas políticas de treinando e centros de capacitação, creio que está no rumo certo.


Apito amigo: Quem foi o melhor jogador que você já enfrentou?
     R: Difícil dizer, por se tratar de um jogo coletivo, acabamos lembrando do time mesmo tendo alguns jogadores de destaque. Na minha mente fica o Paraguai que perdemos por 19 anos, até ganhar em 2008.


Apito amigo: O que falta para os jovens demostrarem interesse em praticar esse esporte?
     R: Acredito que crianças e jovem tem interesse em todos os esportes, falta estrutura para oferecer o esporte para eles.


Apito amigo: Como é o “dia dia” de um jogador de Rugby? E os treinamentos no São José? 
     R: Treinamos 3 vezes por semana em campo, fora os treinos de academia. Temos jogos aos finais de semana. Rotina bem puxada para atletas amadores.

Apito amigo:Qual a melhor equipe profissional de Rugby? 
     R: Temos diversas super equipes na França, Inglaterra e no Super Rugby.

Burno (Direita) (Foto: Divulgação: Atleta)


Apito amigo: A organização brasileira de Rugby na sua opinião faz um bom trabalho em todos os critérios? (divulgação, criação de novos jogadores e investimentos)
     R: A confederação fez um excelente trabalho de captação. Um modelo de negócios bem definido e estruturado. Claro que como atletas as vezes não concordamos com algumas atitudes, mas acho que em linhas gerais tem feito bom trabalho sim.


Apito amigo: Os jogos olímpicos estão aí. Como você imagina sua modalidade nessa competição? A seleção brasileira está preparada?
     R: A seleção de Seven, que irá jogar as olimpíadas vem de um trabalho muito forte, são semi profissionais e tem participado de grandes torneios, ainda está faltando alguns detalhes para ser competitiva, mas vem tendo uma evolução grande, acho difícil a chance de medalhas, mas podem fazer um bom torneio.


Apito amigo:Quais são seus objetivos daqui pra frente?
     R: Já estou no final de carreira, nem por idade, mas por trabalho, responsabilidades, já tenho uma família, esposa e dois filhos lindos, acredito que em um ou dois anos no máximo devo estar parando. Meus objetivos pessoais são ganhar todos os títulos que meu clube disputar e uma vitória contra Chile ou Uruguai já estaria de bom tamanho!


Apito amigo: É possível viver de Rubgy no Brasil? É preciso conciliar a vida de atleta com outro profissão?
     R: Eu sou engenheiro civil e trabalho numa multinacional alemã. Existem poucos que vivem apenas de Rugby no Brasil, ainda é difícil.


Apito amigo:Qual o estágio que o Rugby brasileiro se encontra? O que tem a melhorar?
     R: Ainda engatinhamos, somos completamente amadores, apesar de alguns jogadores ganharem bolsas, as bolsas não são suficientes para se manter, não acredito na profissionalização, acho que o rugby perderia alguns valores.

Apito amigo: O que mudou desde a época que começou até agora no esporte?
     R: Muita coisa, treinava numa praça, pagávamos as viagens, os uniformes, era outra realidade. Também era outra realidade de preparo físico, quase ninguém frequentava academia, apenas corria, hoje se tornou muito mais físico.

Apito amigo: Qual a dica que você deixa para os jovens que demonstram interesse em ser atleta de Rubgy? O que é preciso fazer?
     R: o Rugby é um esporte excelente, agregador e formador de caráter, acredito tanto nos valores que meus filhos de 9 e 3 anos já frequentam a escolinha. Um esporte que ajuda no crescimento e formação da pessoa.

Comunicação com o atleta: Jogador no site oficial do São José - Facebook oficial

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