domingo, 8 de março de 2015

THAIS: "A MAIORIA DAS ATLETAS DE FUTEBOL FEMININO JOGAM E TEM OUTRO TRABALHO PARA SE SUSTENTAR"

Nesse 8 de março - dia internacional da mulher,  o blog Apito amigo traz a goleiro Thais Picarte de 32 anos, profissional do São José Esporte Clube para um bate papo. Nessa entrevista a goleira conta sobre a passagem por Lazio, São Paulo, Corinthians e Huelva da Espanha. Fala sobre a vida de uma mulher atleta, sobre o atual momento do futebol feminino no Brasil e seus objetivos.

Foto: Reprodução/ Twitter
Apito amigo: Thais, para começar, uma pergunta bem direta: Como uma jogadora de futebol feminino é vista pela sociedade?
R: “Somos vistas como atletas de uma modalidade muito importante e apaixonante em nosso país”.
Apito amigo: Como foi o inicio de carreira? Quem te incentivou a ser atleta?
R: “Meu pai era um fanático por futebol e teve quatro filhas mulheres, suas brincadeiras eram todas de "meninos". Nos passou esse amor pelo esporte e desde pequenas sempre jogávamos com ele. Quando tinha dez anos comecei a jogar em uma equipe do clube onde era sócia em Santo André, e desde então nunca mais deixei o futebol”.
Apito amigo: Você já jogou em times de fora como o Huelva e o Lazio. Quais são as diferenças do futebol feminino no Brasil e estrangeiro? Eles estão mais avançados?
R: “A diferença basicamente é nos calendários feitos pelas federações e confederações, que são muito mais organizados, e na estrutura dos clubes. O avanço não é em relação a qualidade do futebol, nestes países no caso, mas sim a organização das competições e as diversas divisões que existem, separando assim as equipes com mais estrutura e qualidade de outras inferiores”.


Apito amigo: Quais as seleções que mais evoluíram? Existe um porque de tamanho levantamento?
R: “Eu diria que o Japão e a França. Novamente o investimento na organização e principalmente nas categorias de base. Os campeonatos nesses países são super organizados e o nível de exigência nas equipes da primeira divisão é bem grande”.

Apito amigo: Os jogos olímpicos já estão aí. É o maior sonho momentâneo de todas as garotas do Brasil?
R: “Acredito que seja o sonho de qualquer atleta em qualquer modalidade. Mas uma competição como essa em nosso país, seria uma honra muito grande. Além de poder representar sua modalidade em seu país, ter seus parentes e amigos por perto não tem preço”.

Apito amigo: Porque é tão difícil investir em algo que nos dá retorno dentro de campo como o futebol feminino. Na sua opinião, porque isso acontece no Brasil? O que tem que mudar?
R: “Seria necessário um investimento maior no marketing dos clubes e da seleção feminina para que o "produto" fosse mais visto e assim "vendido". A imprensa precisa apoiar mais, mas também precisa ter acesso às informações para que possa fazer seu trabalho”.
Apito amigo: Seleção Brasileira independente do esporte é algo muito especial. Como foi a sensação quando foi convocada a primeira vez?
R: “A sensação de realização plena, de estar no topo de uma lista muito seleta”.

Apito amigo: Na sua opinião qual é a melhor jogadora do mundo na sua posição?
R: “Sem dúvidas seria a goleira Nadine Angerer, que no ano passado conseguiu um feito histórico, ganhando a bola de ouro da FIFA, nunca antes tendo sido alcançado por um/a goleiro/a”.
Apito amigo: Como é o "dia dia' de uma jogadora de futebol feminino? Tem muita diferença pro masculino?
R: “Treinamos uma ou duas vezes por dia, jogamos uma ou duas vezes por semana e temos um dia de folga na semana. Acredito que temos uma rotina bem parecida com a do masculino, bem exaustiva e sacrificante”.

Apito amigo: Hoje no Brasil, é possível viver financeiramente sendo atleta de futebol feminino? 
R: “Algumas atletas conseguem viver de futebol, mas com salários bem similares a um trabalhador comum. Mas a maior parte das jogadoras jogam e tem que trabalhar para se sustentar”.
Apito amigo: Como você avalia a nossa Seleção no momento? Em que "nível" ela está?
R: Se estruturando para poder fazer boas competições e melhorar seu desempenho. Mas a milhas de distância do ideal.
Apito amigo: Focando mais em sua posição, como você avalia as goleiras do Brasil?
R: “Estamos evoluindo muito, por muito tempo o treinamento das goleiras era executado por profissionais despreparados, mas com a evolução do futebol esta posição ganhou cada vez mais importância e respeito, isso fez com que a busca por melhores profissionais aumentasse. Hoje temos goleiras com muita qualidade técnica”,
Apito amigo: Quais os seus objetivos pra 2015? O que tem a melhorar?
R: “Este ano mudei de clube, e iremos disputar as maiores e melhores competições do futebol feminino. Minha maior pretensão é realizar um grande trabalho e seguir evoluindo como profissional, dessa maneira quem sabe conquistar boa parte desses campeonatos”.
Apito amigo: Thais, muito obrigado pela atenção, desejo sucesso nessa nova fase no São José. Gostaria pra encerrar que você deixasse uma mensagem para as mulheres nesse dia tão importante para elas...
R: “Que sigam sempre lutando pelo seus direitos e ideais” 
Redes sociais da atleta: Facebook - Twitter
Por: Guilherme Lesnok

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